Livrarias físicas, livros nacionais e o “vem para a livraria”




Não sou tão velha assim; mas, na minha infância e início da adolescência não havia comércio on line. Em Jequié na Bahia (cidade onde nasci e cresci), meus pais me levavam a lojas que combinavam o seguimento de papelaria com o de livraria para que eu pudesse comprar livros. Nas férias, tinha ir pelo menos uma vez por semana. E eu adoraria estar na livraria, apesar da caminhada sob o sol escaldante de verão que tinha que enfrentar para chegar até lá. Não, leitor(a), meu bairro não tinha livraria como o bairro de Marcelo, marmelo, martelo da escritora Ruth Rocha. As papelarias/livrarias eram situadas apenas no Centro da cidade, mas ir lá, estar lá, era a porta de entrada para tantos mundos e realidades apaixonantes… Era impossível não ir. 


Foto de parte do acervo da livraria The Good’s mostrando duas estantes cheias de livros, três mesas baixas repletas de livros e duas poltronas. Na foto, há a seguinte inscrição: “Leia livros de autores (as) nacionais! #LiteraturaNacional”.
The Good’s Bookstore: uma boa opção de livraria em Indaiatuba-SP, que conta com alguns títulos de autores nacionais em seu acervo.

Uma das que papelarias/livrarias de Jequié que eu mais gostava era a Eva que, ao contrário das outras, focava mais nos livros. Metade dela era só prateleiras de livros… Eu ia lá para comprar, ver as novidades, tocar nos livros, encomendar livros que eu queria ou, simplesmente, para estar perto dos livros… Era maravilhoso, mas ela sucumbiu e fechou antes do boom do comércio virtual. Senti-me um pouco órfã de espaços de cultura e comecei a ter a sensação de que eles estão ficando mais raros. Comecei a comprar livros pela internet, pois não encontrei nas outras papelarias/livrarias o que encontrava na Eva, embora sempre insistisse em ir às que restaram. Confesso que, às vezes, saia magoada, porque não vendiam livros de autores nacionais contemporâneos (não estou falando de autores como Machado de Assis, Jorge Amado, etc. Estou falando de autores como eu) e não apreciavam meu discurso em defesa da importância de apoiar os (as) novas (os) autores (as) nacionais. Sempre pensei que o apoio deve ser dos três lados: autores (as), livrarias e leitores. Não estou dizendo que os autores clássicos não apoiaram as livrarias de seu tempo e que não devem ser lidos. Eles apoiavam, sim, e devem ser lidos e apreciados. É uma literatura riquíssima que deve ser conhecida. Mas estes autores não estão mais aí para apoiar as livrarias. Nós, autores contemporâneos, estamos e a nova literatura brasileira que escrevemos também precisa ser valorizada e é, por muitos leitores (inclusive eu). Só que a maior parte de nossas vendas acontece na internet ou nos eventos em que vamos. Se as livrarias físicas nos apoiassem mais, se disponibilizassem a vender também os livros dos autores locais, nós seríamos mais conhecidos, venderíamos mais e, claro, se a venda acontecesse dentro de uma livraria física, ela também ganharia, mesmo que não fosse os 50% do valor da capa. Mas é melhor ganhar menos do que não ganhar nada, não é? E, sim, já pedi a livrarias locais que expusesse os meus livros para venda e sempre recebi respostas negativas.
Não estou dizendo que não devemos comprar em livrarias virtuais e aproveitar suas promoções. Devemos comprar, sim. Eu também compro. Adoro uma promoção de livros. Quem não? O que estou querendo dizer é: compre na virtual, mas compre na livraria física também. Ela oferece a você um contato com os livros que a livraria virtual não pode proporcionat.
Assim, embora acredite que as livrarias físicas poderiam apoiar mais os autores locais (que residem na cidade onde essas livrarias se encontram), eu acho que as livrarias físicas continuam sendo espaços maravilhosos e que precisam continuar existindo sempre. Por isso, continuo indo às livrarias físicas e adoro conhecer novas e retornar às que já fui.
Para fazer este post e para comemorar o início das férias escolares do meu filho (afinal, não há nada melhor do que começar as férias com literatura), resolvi retornar à The Good’s Bookstore, que é uma das poucas livrarias físicas que ainda existem em Indaiatuba-SP, onde moro hoje.


Fotomontagem de duas fotos do espaço criança do The Good’s. Na primeira foto, há 2 prateleiras azuis repletas de livros infantis e uma árvore. A segunda foto, mostra uma prateleira de livros para crianças e parte da decoração com personagens do universo infantil: um painel com fotos do Cocoricó, princesas, etc. À direita da fotomontagem, tem uma parte azul com o desenho de três livros (um verde, um amarelo e um azul) na parte de cima, a inscrição “Vem pra livraria! Eu fui no The Good's Bookstore!” no centro e, em baixo, o desenho de uma menina lendo um livro verde.
O espaço criança do The Good’s Bookstore possui uma boa variedade de títulos infatis e a oferece a possibilidade de a criança se sentar em uma mesinha e ler.

O The Good’s Bookstore é uma livraria café-restaurante, serve lanches e almoço e possui um bom acervo de livros. Seu espaço é bastante acolhedor, possui estantes de livros para adultos e crianças, vende livros clássicos e contemporâneos de vários gêneros, tem poltronas onde você pode se sentar e ler a sinopse dos livros ou dar aquela folheada que todo leitor adora para sentir o cheiro de livro novo e conferir a beleza das edições. Meu filho adorou o espaço criança. Além da variedade de títulos para venda e da decoração infantil, há também uma mesinha onde a criança pode se sentar e ler os livros infantis disponíveis para a leitura na própria livraria. Como todo leitor que adora uma livraria, fiz minhas comprinhas! Não dá para resistir, não é?
Além disso, em 12 de dezembro, quando fui lá, eles estavam com uma bancada de livros em promoção com desconto de até a 70%. Havia clássicos por 3,00 reais e livros de autoras nacionais por 8,00. E por falar nisso, uma das coisas que eu gostei no The Good’s foi o fato de eles terem alguns títulos de autoras nacionais pertencentes à nova literatura brasileira, o que acho muito positivo, embora meu livro Uma Chance para Recomeçar não estivesse entre eles.
Enfim, termino este post convidando a todos a visitarem uma livraria física. Moradores de Indaiatuba, visitem o The Good’s Bookstore para conhecerem o acervo, aproveitarem as promoções e comprarem os livros. Enfim… ter aquele tipo de interação pré-compra com os livros que a internet não nos oferece. Só percebemos o quanto isso é mágico e importante quando vemos a felicidade das crianças nas livrarias. Meu filho adorou! É por isso que faço questão de levá-lo: para que ele sinta o encanto que emana dos livros e goste de frequentar livrarias tanto quanto eu.
E claro, espero um dia ir lá no The Good’s Bookstore para comprar outros livros e ser surpreendida com um dos meus livros na prateira dos livros nacionais.
Não vou marcar ninguém (dá vontade de marcar todo mundo que conheço, kkk), mas você que chegou até aqui sinta-se convidado. Presentei a si mesmo ou a quem você gosta com um livro, afinal livros são os presentes mais completos que existem.

Abraços,
<3 Diana Scarpine.

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